terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Através das petições, Internet está a mudar as formas de participação

A Internet está a mudar o comportamento dos portugueses, habitualmente pouco participativos em acções cívicas ou políticas. Lançam petições online para defender uma causa, uma ideia ou, simplesmente, uma regalia. E da mesma forma subscrevem petições internacionais sobre os mais variados assuntos. E até o associativismo dito tradicional recorre às novas tecnologias para se dinamizar.

"Não é tanto o associativismo que está a mudar, mas as formas de participação social que estão a mudar. E as associações mais tradicionais também estão a utilizar a Internet como uma das suas ferramentas", explica Inês Pereira, socióloga especializada em movimentos sociais, nomeadamente nas redes que se estabelecem via Internet. É que as novas tecnologias permitem congregar esforços rapidamente e sem obrigar a pessoa a deslocar-se de sua casa, o que representa uma revolução na forma de interagir.

Basta percorrer as petições disponíveis no www.peticao.com.pt (www.petition.com, site internacional) para perceber a variedade de temas para congregar apoios.

Entre as mais de cem petições que circulam online, existem "causas" para todos. Tanto há um grupo a pedir a saída de Jesualdo Ferreira de treinador do Porto (1198 assinaturas) como a pedir a sua manutenção (14). Mas também há quem queira ver pelas costas Carlos Queirós (quatro) e Vítor Constâncio (64). Uma petição defende a série Morangos com Açúcar no horário no- bre (192), enquanto outra exige o fim (86). E há também quem diga defender os direitos de Esmeralda (450).

Nem todos são causas nobres ou nacionais e muitos têm uma lista muito pequena de subscritores, mas não deixam de representar uma forma de participação mais activa, sublinha a socióloga.

E Inês Pereira acrescenta: "Existe uma integração muito maior não só em termos nacionais como com os parceiros europeus ou mundiais. Com a Internet, Portugal chega muito mais rapidamente a causas e a acções oriundas dos outros países. As redes que se estabelecem por esta via são uma das características das sociedades actuais. E, por outro lado, encontramos novas formas de participação, como petições online, manifestações virtuais e a inscrição numa mailing list".

Uma realidade diferente da demonstrada pelos estudos sociológicos, que concluem que os portugueses têm uma taxa de associativismo muito fraca, isto se estivermos a falar no associativismo em prol dos direitos humanos e do ambiente ( 2%) ou até por razões político- -partidárias (5%). Já as associações desportivas, recreativas e culturais têm taxas de adesão na ordem dos 25%, mas muitos dos aderentes fazem-no para poderem praticar uma modalidade desportiva. Percentagem que desce para os 10% na área das associações religiosas.|

Via Diário de Notícias